domingo, 23 de janeiro de 2011
NO MUNDO EM QUE SOBRE-VIVO
O mar se recuou por quilômetros, talvez por medo ou revolta e quando voltou lhe deram o nome de Tsunami. Gigante era a onda, gigante era o estrago, mas gigante não era antes a solidariedade deles, pequena era a consciência de que era preciso recuar a luta pelo lucro, recuar a desigualdade, recuar a falta de oportunidade e avançar, espalhar por todo o continente e litoral uma onda de esperança. Esperança, não ilusão ou promessas, mas atitudes de cada um que no mundo vive. Nações unidas pelas noções de que é preciso por fim à fome, à miséria, unidas pela verdade de que é preciso atender a quem precisa de tanto, distribuindo um pouco de quem tem muito. Inundou o Rio de Janeiro, inundou São Paulo, o sul do país e houve estragos da chuva também em Minas. Mas cadê água suficiente para brotar no país e se espalhar pelo mundo, as sementes da educação, da prevenção, da saúde, da amizade? É desta abundância que a gente precisa. A natureza não veste a camisa dos países e não disputa a Copa do Mundo, mas o mundo precisa vestir a camisa da natureza e respeitar não só a copa das árvores, mas a raiz, o caule, a folha e colher como fruto a preservação do planeta. O ser humano está no meio, provocando o fim do meio ambiente. Talvez acorde quando perceber que também será o seu fim, caso não promova um novo início. E quem é que finalmente mandará o preconceito, a discriminação para a cadeia? Quem vai prender a ignorância, a soberba? Quem mostrará aos homens que estão eles escolhendo às grades da hipocrisia? Vazou o óleo no oceano, tremeu o Chile, tremeu e morreu, com tantas vidas do Haiti, a chance de ver o mundo finalmente ser um lugar melhor. A onda que bateu, a chuva que caiu, a grade que prendeu, a terra que tremeu. Nenhuma delas me tirou a esperança de mudar, mas também não me fechou os olhos para a verdade, nem me tirou a vontade de perguntar e de fazer coro com cada mãe que anseia pelo nascimento de cada filho, com o pai que aguarda a adoção de uma criança, com todos que desejam a mudança: quando é que, afinal de contas, nação, que vai tremer o coração?
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"A natureza não veste a camisa dos países e não disputa a Copa do Mundo, mas o mundo precisa vestir a camisa da natureza e respeitar não só a copa das árvores, mas a raiz, o caule, a folha e colher como fruto a preservação do planeta."
ResponderExcluirIsso ai foi perfeito, muito boa a sua idéia e muito bem exposta também.
Este comentário foi removido pelo autor.
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