terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ENGOLINDO VÍRGULAS

Lindomar disse:
__ Bonita montanha.
Quando não pude mais dormir, aprendi a escrever. Já não consigo dizer palavra. Embora eu diga isso e esse muito seja tanto, no fim não há assunto, no fim é tudo sobre mim mesma,  no fim não disse nada. Não sei o que querer escrever. Sinto que minha cabeça ainda está vazia e meu coração cheio. E tenho medo que essa seja uma característica do comportamento pós-moderno. A quantas anda? Perdida no deserto das idéias. A janela em busca de inspiração. De repente parece (eu sei, apenas parece) que tudo parou. As nuvens não se movimentam porque não há vento em minhas retinas. Venta o meu pensamento, venta o calor que faz aqui dentro. Vês? Como não há nada a dizer? Ninguém quer oi ou adeus. Parece que tudo parou, escrevo, sem o grande desejo da vitória, sem o grande medo da derrota. Quisera mesmo a Esperança ter deixado escapar da caixa amarela da sala. Sem a ilusão dos sentidos, sem a realidade dos sentimentos. E ainda sim tomar um café gelado e escrever. Chegamos juntos à conclusão que o nosso fim (filme) já passou... seguir viajem.
__ Onde fica a próxima estação?
__ Por quê? quer descer? a próxima estação fica – e foi elevando a voz - onde o destino te guiar – concluiu o anjo.
__E o que eu faço até lá?!
__ Ah, meu amigo, aí você tá pedindo demais. Vai seguindo a sua vidinha aí, da forma simples como te ensinamos – e sumiu.
Penso que ele nunca existiu. Quando eu disser que tenho 31 três vezes já terei sessenta.