sábado, 26 de março de 2011

E O AMOR?

Filme Garota da vitrine
Eu tenho um armário no qual eu guardo tudo. Nele armazeno meus sonhos empoeirados que ainda vão acordar, a saudade daqueles que não voltarão mais e os vários "eu" que já fui ao longo desta vida. Este armário eu arrumo sempre, jogo fora o que não presta, dou espaço ao que é novo e me faz bem. Numa gaveta escrito "Lixo" eu pego toda a raiva, toda a dor, toda a tristeza e reciclo em algo positivo. Se é difícil avançar com sustentabilidade no mundo, manter o próprio avanço sem destruir a si mesmo, sem perder a própria essência e trocá-la por um código de barras é ainda mais complicado. No meu armário tem um cantinho especial também que eu guardei só para você e tem espaço até para aquelas fitas de vídeo que você ainda guarda e para aquela sua vontade de nunca mais crescer. Mas sempre que reorganizo esse armário eu nunca sei onde colocar o amor que eu sinto aqui no peito. Eu que amo tanto não sei onde guardar esse amor. Eu tento, aperto, ajeito, mas não arranjo lugar onde caiba o amor. Acho que é porque eu amo em tamanho GG e esse mundo é um armário pequeno demais para caber tudo aquilo que eu sinto. E não é que eu quero deixar de viver meu amor e escondê-lo. É que amor é coisa frágil, coisa rara, se molhar estraga, se ficar ao frio encolhe, se esquentar derrete. É preciso cuidar, proteger. Só que agora eu sei por que não encontro onde guardá-lo: é o que o amor, na verdade, é o armário e eu só posso limpá-lo e guardar nele tudo que eu amo, sem nunca achar onde ele caiba.