terça-feira, 3 de maio de 2011

PALAVRA AO TEMPO - PARTE III

um compromisso com o acaso

Alguns chamam de sorte. Os freudianos chamam de sincronicidade, de sincronia, ou sincronismo, tem a ver com tempo. Cronos engole seus próprios filhos, a poeticidade na interpretação da cronologia, essa fome sinistra. Outros chamam de coincidência, enfim, existem vários nomes para o acaso – fado, destino, sina, ventura, sincronia, simultaneidade, concomitância. Pode escolher. Esse último, o acaso, segue um movimento caótico, acidental, quase mórbido, de suspense, batimentos cardíacos, adrenalina, alívio. Transcendental, percebe? Um movimento não retilíneo e não constante em velocidade. Só não se pode mesurar, medir, criar, inventar ou fabricar um conceito novo capaz de explicar os porquês etimológicos da natureza humana e quantificar e qualificar e tudo aquilo que foge da natureza simplesmente humana, demasiadamente humana, a imaginação, abstração. Roubaram-me uma crença, quando eu era criança. Como roubam-te cá e lá ao longo da vida.