segunda-feira, 7 de março de 2011

NECESSIDADE X DEPENDÊNCIA


Filme Wall-e
"Eu não preciso de ninguém para ser feliz". Quem diz isso precisa, no mínimo, de alguém para ouvir a essa baboseira e assistir a esse momento em que um cínico tenta se afirmar. Não precisa de ninguém? Que ótimo! Fico feliz por você ser, assim, tão fodão! Agora, falando sério, reconhecer que precisa e necessita da pessoa amada para ser feliz não é sinônimo de baixa autoestima! Assim, como ser fodão e dizer que não precisa de amor ou da pessoa amada para ser feliz pode ser um forte indício de uma zerada, de uma baixíssima (ou inexistente) autoestima. Você pode ter a autoestima em um nível tão saudável que não teme precisar de alguém, pois sabe que o outro vai ser necessário apenas naquilo que só ele pode te preencher, mas no restante, você está muito bem, obrigado! Desse modo, sem aquele outro, sua estrutura emocional não vai desabar, nem sua vida vai se arruinar por inteiro. Eu, como boa romântica, acho que precisamos e necessitamos sim do outro para sermos felizes. Não sou favorável a sermos dependentes do outro. Veja bem, precisar do outro, necessitar do outro é completamente diferente de depender do outro. Não é certo sermos doentes por quem amamos, nem dedicarmos toda a nossa vida ao outro e muito menos depositar toda a nossa felicidade no outro. Se você se tornar dependente quase químico de quem você ama, é a sua relação que vai virar uma droga. Isso é injusto (e chato) com a pessoa que amamos, todo mundo precisa respirar e ninguém pode ter, ou melhor, ninguém quer ter a responsabilidade pela sua realização, por te fazer totalmente feliz. No entanto, como em tudo na vida há os dois lados e é preciso alcançar (e praticar) o bom e velho meio termo. Do mesmo modo que não posso fazer de quem eu amo a solução para meus problemas, por outro lado, se eu também achar que "não preciso dele para ser feliz" eu, mesmo que inconscientemente, não vou cultivar o outro! Ninguém preserva, cuida, oferece carinho, proteção e amor ao que não necessita, ao que não precisa. A verdade é que só valorizamos o que nos é necessário, o que precisamos. Já vi várias pessoas perdendo alguém que amavam por quererem provar a si que não precisavam do outro para ser feliz. Que medo é esse de deixar alguém te completar, de completar alguém? Temos duas manias, creditar ao amor toda nossa felicidade ou toda nossa infelicidade. Mas não é assim! Não podemos depender ou viciar em trabalho, família, amigos, etc e também não podemos não valorizar e não nos dedicar a eles. Agora de que adianta ser feliz no trabalho, na vida estudantil, na vida familiar, no aspecto financeiro e não ter alguém ao seu lado para beijar sua boca, se orgulhar com você e compartilhar essa alegria? E de que adianta ser infeliz em tudo e ter alguém ao lado somente para tentar suprir suas frustrações? Viu só! Não é difícil saber como agir? Temos que saber lidar com nossas carências e medos e mais ainda com os medos e carências do outro! É engraçado (e irritante): as pessoas querem ter seus erros compreendidos justificando não serem perfeitas, entretanto, querem relacionar-se com alguém perfeito e desistem desse alguém porque a pessoa era imperfeita! Me aceite como eu sou, mas mude o como você é. Me priorize e não me trate como opção, mas aceite de bom grado ser apenas a minha alternativa. Injusto, não? Bom, o que é verdadeiramente justo é o seguinte: se você não necessita de ninguém, fique só! Não seja covarde (em todos os sentidos) tornando-se necessário à vida de alguém com o qual você não se importa. Disso, ninguém precisa, necessita ou merece!