quarta-feira, 8 de junho de 2011

PALAVRA AO TEMPO - FINAL

Deve ser quem descansa em meus braços, onde cabem todos os meus sonhos. Vejo seus olhos refletindo calma e mistério. Vejo-te descansando sobre mim e essa visão se encera na sua tranqüilidade enigmática. O que podemos ser além de nós mesmos? O que haveremos de fazer? Essa imagem figura como quadro mental de vidência ou realidade. Esse lugar do etéreo em que você se encontra. Talvez seja um gosto, um toque, uma fragrância talvez. Talvez seja esse olhar que se perde na brisa, e eu que perco em minhas próprias digressões. Não é uma surpresa não saber mais, não ter uma noção exata de tempo, da passagem das horas. A órbita em que vivemos. Não as prendo, deixo que as horas passem sem me aperceber do dia da noite do entardecer. Somente quando andar falar e comer, como somente para mover-me e me manter em movimento, mas sem saber o fim, senão o meio para atingir o pálido esboço de um novo fim. Como gaveta dentro de outra gaveta ad infinitum. Assim como eu, essa análise patológica acrescenta jus à minha biografia. O celibato, a fé, a temperança. Nesse mercado livre de sentimentos minhas alvas palavras voam soltas ignorantes dos limites da página do universo onde cada um escreve seu Deus, onde cada história se repete.