quarta-feira, 8 de julho de 2015

SANGUE NOS OLHOS!



Chove em mim hoje. Gotas derramadas pela perda me encharcam de tantas lágrimas, estou toda ensopada.  Sinto o frio invadir o coração amargurado, seco. Vejo a vergonha nos olhares dos juízes da vida. Vejo que julgam. Reparo no orgulho, nas mãos cheias de sangue. Penso que em toda noite, ontem, hoje e amanhã o tormento lhe fará companhia. Leio cada trecho da matéria, cada vírgula e não consigo entender, como o ódio pode tomar conta da razão. 
"Um homem suspeito de ter cometido um assalto foi amarrado em um poste e espancado até a morte por moradores do bairro São Cristóvão, em São Luís, no Maranhão. De acordo com a Polícia Civil, Cleydenilson Pereira Silva, de 29 anos, teve suas roupas rasgadas e as mãos, pernas e tronco presos a um poste de luz. Agredido com socos, chutes, pedradas e garrafadas, não resistiu e perdeu a vida ainda no local, por conta de uma hemorragia."(Carta Capital).
Eu leio diferente:
"Um homem negro, ladrão, pobre, imundo, bandido bom é bandido morto."
A vida está um caos! Joguem suas bíblias no chão, larguem seus valores, seu caráter, sua dignidade, corram atrás daquele bandido. Amarre-o com sangue frio, da mesma maneira que os escravos eram amarrados ao tronco. Lhe rasguem as roupas, deixe que entre os vãos lhe finquem as feridas, para que ele jamais esqueça. Quem nunca pecou atire à primeira pedra, os hipócritas também, é claro. Dê chute, dê soco, ensine aos seus filhos o que os cidadãos de bem fazem. Façam uma fila, cada um bate uma vez, não fure a fila, não seja ladrão. Bata com garrafas, pois os chicotes estão em extinção. Olhe bem no fundo dos olhos deste homem, veja uma família, veja um filho sem pai, um pai sem filho, uma mãe que chora, assim como eu. Era bandido? E quem é você pra julgar? VOCÊ É UM ASSASSINO! 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Sobre Redução.




Vejo muita gente, inclusive pessoas que eu julgava meus amigos, concordarem e promoverem a redução da maioridade penal, como se fosse algo corriqueiro, algo “normal”, algo que devesse ser feito.  Redução é um tema complexo, tema preconceito, um golpe!
Acompanhei as duas votações pela televisão. Na primeira, observei deputados convictos, decididos. Os que votaram SIM, já eram esperados, as bancadas de sempre, com os argumentos de sempre. Os opositores votaram NÃO, neste momento vi rostos novos, me surpreendi, mas sabia que a luta não iria acabar por ali. Eis que surge o golpe orquestrado por Eduardo Cunha, já é de se esperar, mas assim, tão na cara. Foi um tapa na cara da sociedade. Devem nos julgar como tapados, só pode. Mas como quem decide é ele, você já deve saber o andar da carruagem. Vamos à segunda votação, nesta não havia a participação dos jovens, coincidência? Não, manobra! Os que votaram “não ou se abstiveram”, da noite pro dia (literalmente), mudaram seu voto pro “sim”.
O que me deixa realmente indignada, é que todos sabem quem vai sofrer com a Redução: os pobres, negros, favelados ou não. Os filhos privilegiados, que moram em seus condomínios fechados, não irão sofrer. “Porque eles não se envolvem”, “Porque são crianças de bem”, ouço muito isso.  Não, não iram sofrer, porque a lei cede para quem tem sobrenome. A lei é carinhosa com quem é “filho de alguém” e não é de hoje, nem de ontem.
Não é vitimismo, é realidade! Se você que é favorável à redução, acredita na “meritocracia”, dê um pulo em um bairro desfavorecido da sua cidade, acredito que você não precisará ir muito longe.  Ande pelas calçadas irregulares, pelas ruas sem pavimentação, pelas pontes improvisadas com madeiras de construção.  Ande pelos morros, em meio aos barracos feitos de papelão, cumprimente à mulher que lhe sorri na janela, pois apesar de tudo, ela está feliz. Suba à favela, desça à ladeira. Vá à escola, visite as salas de aula, sem cadeiras, sem merenda, sem quadra de esporte, sem professor, sem estrutura. Ah, não se esqueça de ir ao banheiro, cheira mal né?! Está se sentindo mal? Vá ao posto de saúde, espere duas ou três horas para ser atendido, chegou sua vez. Não tem médico para te atender? Volte outro dia. Dê uma olhada nos rostos das crianças, nas suas roupas, nas brincadeiras improvisadas. Brinquedos? Aonde? Está quase acabando seu passeio, está com medo? Está confuso? Aproveite que está indo embora e vá à praça ver aonde os jovens brincam nos domingos à tarde. Você andou, andou e aposto que não encontro praça alguma. Lazer? Pra quê jovens favelados precisam de lazer? “Precisam trabalhar para ser como eu, precisam desejar o que eu tenho, precisam se esforçar mesmo sabendo que nunca vão chegar aos meus pés, nunca vão ser como eu. E eles só existem, só estão nesta situação para eu me sentir superior.” Você deve ter pensado.
Pronto, volte para sua casa, entre no seu carro, feche o vidro, afinal você não precisa saber que eles estão ali. Ligue sua música preferida, e esqueça que eles existem. Entre em sua casa, sua família o espera, sua esposa? Com um bolo quentinho saindo do forno. Volte para sua vida miserável sem miséria!  
Eu? Sou totalmente contra à Redução da maioridade Penal, acredito que o problema deva ser solucionado na sua raiz, mudando o ambiente social, com escolas dignas, com estrutura. E isto não é um favor, é obrigação do estado! Redução? Ela não é e nunca foi a solução, só vai prender os filhos dos outros! Ah, esqueci, você não se importa, afinal pimenta nos olhos dos outros, é refresco!   

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Pobre de direita. Jura?


Às vezes fico me questionando, enquanto estou no ônibus vindo trabalhar, fico olhando pela janela, pensamentos vem e vão, afinal de contas o que pensam aqueles que se rotulam como “direita” brasileira?
São tantos, estão em tantos locais, porém se reproduzem na internet. Sim, isto é fato!
São vazios em informação, mas são craques em compartilhar. Aliás, eles em minha opinião são bem parecidos com os papagaios, porém não são fofos. rs
Hoje de manhã como de costume abri meu café matinal: Carta Capital. Dei uma leve olhada nas matérias, porém uma me chamou à atenção, está ali, escancarada: “A direita abraça a rede”, eis que surge o motivo do meu texto. Antes da leitura inicial, faço uma pequena reflexão. Engulo o texto, sim, tive que engolir, porque até me deu um nó na garganta ao ler tais afirmações que o jovem André citou. Triste.
Porém nós dois temos a mesma opinião (oh, uma em comum), tanto ele quanto eu, acreditamos que muitos que se consideravam “analfabetos políticos”, sofreram de um despertar. E eu acho isto ótimo, pois quanto mais as pessoas buscarem conhecimento, mais criticas ficarão. Sim, eu vou repetir para deixar bem claro: Quanto mais buscarem conhecimento! Não que eu seja a dona da verdade, estou longe disto, era “analfabeta política” a pouco tempo atrás. Quando comecei a buscar o conhecimento, fiquei com muitas dúvidas, afinal, a verdade absoluta que eu sempre acreditei, pasmem: sempre foi mentira!
Não é de hoje, nem de ontem, que o Brasil, mas não somente ele, todo o mundo, é dividido em classes sociais. Existem basicamente três classes sociais: Baixa, Média e Alta, ou como queiram chamar: A, B, C, D e E. Caso você, caro leitor, não consiga se situar, nós brasileiros em maioria estamos na classe Baixa ou Média. Sendo assim podemos nos titular como: classe trabalhadora. A classe que move o Brasil, que move o mundo. A classe que não sabe o poder que têm nas mãos e é exatamente por medo deste poder que a classe Alta, nos reprime! Faz com que muito de nós acredite que faz parte da sua classe, do seu prestigio. Induz-nos ao erro, erro este que irei citar um por um. Muitos dos meus colegas acreditam que não fazem parte da classe explorada, me criticam, me ofendem, mas pare e pense: Ficam contando as migalhas, para comprar roupas, para ir às raves, para ter a falsa ilusão que “fazem parte”, para ter status, para se sentir “incluso”. Eu não julgo as baladas, nem julgo meus colegas, estão sendo influenciados, por um sistema, que diz que é o certo a fazer. E o fazem. Se sentem incluídos, começam a pensar, falar e agir da maneira que o grupo determina. Eis o ponto: Estão sendo manipulados, inconscientemente. Tornam-se favoráveis à redução da Maioridade penal, mas se esquecem de que cresceram nas favelas ou nos bairros como eu, locais sem estrutura, com educação longe da fundamental, sem lazer. Sem estrutura familiar, pois tanto a mãe quanto o pai, têm que trabalhar em escalas doidas, para poder dar o sustento. Eu nunca passei fome, mas me faltou o alimento essencial: Educação digna! Muitos de meus colegas de escola, nunca se formaram, tiveram que abandonar o estudo para trabalhar, pra pôr o pão dentro de casa. Muitos viram no crime, muitos nas drogas a opção para obter sustento.  Jovens inconsequentes? Não, jovens sem oportunidade, sem “experiência”, porta na cara. 
O ódio com os que se rotulam como “direita” enxergam o mundo é incrível, e vou lhe contar um segredo: as vezes me dá medo! São diversos os ataques ao governo, o qual eles mesmos elegeram, sem falar das asneiras que eu escuto: “O PT está tentando transformar o país em uma ditadura comunista”, “Comunistas comem criancinhas”. Eis que surge uma gargalhada. Dou risada quando escuto isto. Será que eles acreditam em fada do dente? Nem tudo que está na internet é verdade, vamos ter bom senso pessoal! Mas o pior ainda está por vir, pois quando você tenta argumentar, colocar sua opinião, você é tachado como arrogante, o sabe-tudo.  Só porque você cita a história e os fatos. Engraçado né? Para eles existem dois lados da moeda, o que eles julgam certo, e o outro? Não importa para eles!
Continuo na busca para a minha definição do que pensam os direitistas: cri cri cri.